Vista como problema pela maioria da sociedade, a juventude enfrenta diversos desafios atualmente. Vivenciamos uma série de conquistas com a construção da Política Nacional de Juventude (Lei nº 11.129/2005), Secretaria Nacional de Juventude, Conselho Nacional de Juventude, ProJovem – carro-chefe das Políticas Públicas de Juventude no Governo Lula, aumento das Escolas Técnicas Federais, ampliação do acesso ao ensino superior com o ProUni e o ReUni, acesso a cultura e o esporte com os Pontos de Cultura e as Praças da Juventude e políticas universais em várias áreas que beneficiam indiretamente milhões de jovens. No entanto, é preciso afirmar que as pautas da juventude ficaram fora do debate eleitoral de 2010 e da eleição suplementar douradense e ao que parece, é um tema periférico na administração pública. A prefeita Délia Razuk iniciou a inclusão da temática juventude na agenda do executivo e mesmo assim, estamos muito distante das expectativas dos/as jovens douradenses.
Uma longa e difícil luta está em curso para obtermos uma das mais importantes conquistas da juventude douradense: a criação da Secretaria Municipal de Juventude – SEMJE que desde o início do seu debate, enfrenta diversos desafios e barreiras. O fato é que nunca houve investimento com resultados concretos na juventude de Dourados, contamos somente com políticas deficitárias e realização de eventos meramente com efeitos visuais.
Cansados de nos vermos somente citados principalmente em notícias de criminalidade e drogas, precisamos reverter essa realidade e isso acontecerá somente após sermos priorizados pelo governo municipal - assim como foi feito no federal com a PEC da Juventude - e com políticas públicas específicas. Queremos um quadro técnico de profissionais independente de onde estiver lotado, que atue na transversalidade das demandas juvenis entre as áreas da administração pública e a manifestação peculiar das opressões de raça, gênero, deficiência física etc, compostas no guarda-chuva deste grupo social, que pense e crie projetos para nós, cursos continuados, qualificação profissional, oficinas de formação política e cidadã, pois é ela quem garante nossa participação política e na sociedade.
Algo deve ser feito, a realidade é que precisamos de uma política intersetorial, o que não existe. Perguntamos: Dourados sabe das condições e como foi executado nosso único programa de qualificação profissional, o Projovem Trabalhador que na prática deveria ter beneficiado dois mil jovens? Quais políticas públicas existem para a juventude com necessidades especiais, com deficiência, negra, indígena, em vulnerabilidade social etc? Como está nossa educação, nosso esporte e lazer? Que programa atua na saúde da juventude, gestantes jovens por exemplo? Como está nossa capacitação profissional? Se é que ela existe.
Nosso único pedido: senhores vereadores, prefeito eleito Murilo Zauith, secretariado, sociedade douradense, antes de sinalizarem ser contrários ou a favor a criação da Secretaria de Juventude, nos ouçam, se atentam para nossas demandas, nossos argumentos e fundamentos. Não queremos que ela “caia do céu”, temos razões reais para sua criação, fundamentadas na nossa atuação com a juventude baixa renda e no Diagnóstico Social de Dourados.
O ano de 2010 foi marcado pela maior população jovem de nossa história: 51 milhões. Nas próximas três décadas o Brasil viverá o chamado bônus demográfico, período que teremos uma população economicamente ativa maior do que a dependente, que atingirá seu pico no ano de 2022. Esta, sem dúvida, é uma das maiores oportunidades já vividas pelo país, somada ao bom momento político e econômico do Brasil com aumento dos empregos formais, diminuição da desigualdade social e a possibilidade de consolidação do processo democrático. Por isso, Dourados está diante de uma oportunidade única e o lugar que assumirá a juventude neste processo é uma questão central para projetar uma sociedade justa, desenvolvida e que assegure qualidade de vida aos seus cidadãos.
Gleiber Nascimento – Presidente
Dourados, 21/02/11.
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