Por: Gleiber Nascimento*
O mundo é cada vez mais jovem. Hoje, representamos 18% da população global ou 1,2 bilhão de pessoas. 87% dos jovens vivem em países em desenvolvimento como o Brasil, enfrentando desafios trazidos pelo acesso limitado a recursos, a cuidados de saúde, educação, treinamento, emprego e oportunidades econômicas.
Os jovens não são meros beneficiários passivos, mas eficazes agentes da mudança. Dedicados, entusiastas e criativos, os jovens vem contribuindo para o desenvolvimento abordando as questões mais desafiadoras da sociedade.
Mas neste artigo, chamo a atenção para algo desconhecido pela sociedade douradense, dados referentes a violência sofrida pela juventude. Reporto então,ao “Mapa da violência 2011 – Os jovens do Brasil”, resultado da colaboração entre o Ministério da Justiça do Brasil e o Instituto Sangari, na tentativa de contribuir para a compreensão de um dos maiores desafios que hoje enfrenta nosso país: o da violência irrompendo e transformando o cotidiano da sociedade.
Lançado em fevereiro deste ano, o estudo permite verificar a existência de um reduzido número de municípios que ultrapassa a casa dos 100 homicídios em cada 100 mil habitantes. Esses municípios mais que quadruplicam a já elevada média nacional de 26,4 homicídios em 100 mil habitantes.
Mas se esses índices já são muito elevados, os juvenis conseguem superá-los largamente. Os dados são os últimos disponíveis, de 2008 e revelam que o Brasil ocupou neste ano a 6ª posição no ranking mundial dos 100 países com maiores números de homicídios de jovens, atrás apenas de El Salvador, Ilhas Virgens (EU), Venezuela, Colômbia e Guatemala.
E nossa querida Dourados, como está neste contexto? Sem dúvida desperta preocupação. A cidade está entre as cem cidades mais violentas do país, ocupando a 89ª posição com 94,3 homicídios por cada cem mil habitantes. E outro dado ainda mais assustador, no levantamento dos cem municípios brasileiros com maior taxa de suicídios de jovens, Dourados ocupa a infeliz 2ª posição.
Nossa preocupação cresce quando verificamos que essa violência continua a ter como principalator e vítima a nossa juventude. É nessa faixa etária, a dos jovens, que duas em cada três mortes se originam numa violência, seja ela homicídio, suicídio ou acidente de transporte.
O pouco tempo que estou a frente do Conselho Municipal de Juventude já me mostrou que o segmento carece de políticas integradas que tenham como foco, não o problema mas sim a juventude. A política de juventude é intersetorial e essa característica aponta a necessidade da ampliação dos espaços de discussão no município. Não é possível elaborar ou executar uma política eficiente, sem que haja em seu planejamento, em sua construção, o diagnóstico local. Dourados carece de estudos e dados sobre a juventude, precisamos garantir a prioridade que este promissor segmento exige.
Nossa luta é difícil e estamos na tentativa de integrar neste objetivo, órgãos e entidades fundamentais para a consolidação deste processo, como escolas, universidades, ONGs, iniciativa privada, Executivo, Legislativo e o Judiciário.
Estamos no Ano Internacional de Juventude, declarado pela ONU e teremos em dezembro a 2ª Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude, o que eleva nossas expectativas. Comemoramos a inclusão da temática juventude na pauta do governo municipal, materializada em dois grandes momentos, o primeiro será a Audiência Pública: “Juventude, Participação e Desenvolvimento” que acontecerá no dia 03 de agosto na Câmara Municipal e o segundo é a realização da “2ª Conferência Regional de juventude da Grande Dourados” nos dias 12 e 13 de agosto no auditório da Associação Comercial e Empresarial de Dourados.
Juntos, podemos tornar Dourados cada vez melhor. Todos podem contribuir para isso, basta querer.
* Gleiber Nascimento é internacionalista e Presidente do Conselho Municipal de Juventude de Dourados. Contato: gleibernascimento@hotmail.com
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